sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Eu não sei o que o meu corpo abriga nestas noites quentes de verão, e nem me importa que mil raios partam qualquer sentido vago de razão
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou te cantar, vou te gritar, te rebocar do bar.
E as paredes do meu quarto vão assistir comigo à versão nova de uma velha história.
E quando o sol vier socar minha cara, com certeza você já foi embora
Eu ando tão down
Eu ando tão down
Outra vez vou te esquecer pois nestas horas pega mal sofrer!
Da privada eu vou dar com a minha cara de panaca pintada no espelho, e me lembrar, sorrindo, que o banheiro é a igreja de todos os bêbados
Eu ando tão down

terça-feira, 11 de dezembro de 2012


Daquele dia em diante, eu nunca mais errei. Escolhi, mesmo não tendo realmente escolhido, um caminho tão certo que duvido até agora de mim. Caminhos certos não costumam estar no meu trajeto, sem contar das muitas vezes em que me perco pela rota. Quando te encarei pela primeira vez justamente em uma porta sendo aberta, o “tudo ou nada” já havia sido escolhido. Era “tudo”, sempre foi.
❝É coisa demais pra ser ou não ser, Shakespeare, cadê você? Direitos das mulheres, dos negros, dos pobres, dos gays, dos animais, por qual luto? Até que ponto luto? Ser hipster, ser hippie, punk, forrozeiro, funkeiro ou nada. Nerd, geek, pseudo-cult, cult, poser. Ser especialista em fotografia, cinema, música ou literatura. Ou em todas, em todas. Sou nacionalista, então não posso ver Friends e falar ‘whatever’, really? Ler Freud e me achar no direito de pensar que leio as pessoas. Todo mundo agora é psicólogo… Não ser puritana chata e não ser puta fácil. Não ser fútil e vazia, não ser intelectual blasé. Ouvir Nirvana e A banda mais bonita da cidade. Los Hermanos e AC/DC. Ser louca pelo Chico Buarque e ficar louca numa rave sem letras. Achar a fé bonita, mas não sentir quase nenhuma. Achar a ideia de Deus interessante, mas não querer ser agente passivo da própria vida. Aleluia, aleluia. Mas não era ateu? De meninos ou meninas Renato Russo? Renato ou Cazuza? Qual era melhor? Posso gostar dos dois? E se eu quiser ler Caio Fernando Abreu e Jean Paul Sartre? Você tem que escolher, você tem que escolher, você tem escolher o que é, o que quer ser. Que linha de pensamento segue, qual filósofo mais te apetece. Cubismo, expressionismo, realismo, lirismo, cinismo, niilismo. Meio cheio ou meio vazio. Não dá pra gostar de Bukowski e Camões, eles dizem. E se eu quiser? Mas e se eu mudo na próxima esquina? Se eu deixo de querer o que queria? Bipolar, você é bipolar (poser, poser). Mas se de repente eu for firme e equilibrada? Viro polar? E se eu não quiser ser enquadrada como são os livros, os filmes, as seções de supermercado? Do que você vai me chamar se eu não quiser ser chamada de nada?

 (deardestino.tumblr.com)